Mensagens de filho para mãe pouco antes de casal ser morto foram decisivas para identificar autoria de crime em SC, diz polícia
03/12/2024
Atitude de suspeito com policiais chamou atenção dos investigadores. Na madrugada de 23 de novembro, casal de empresários foi assassinado dentro de casa em Itajaí. Ramiro e Susy, encontrados mortos em Itajaí, no Litoral Norte de SC
Reprodução/Redes Sociais
A troca de mensagens entre mãe e filho foram importantes para que a Polícia Civil chegasse a um dos suspeitos de ter matado o casal de empresários Susimara Gonçalves de Souza, de 42 anos, e Pedro Ramiro de Souza, de 47 anos, em Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina. No domingo (1º), o filho de Susimara, um homem de 24 anos, foi preso suspeito de envolvimento no duplo homicídio.
A motivação do crime está relacionada a herança, conforme as investigações A polícia não divulgou o nome do suspeito e o g1 não conseguiu contato com a defesa dele.
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Uma atitude do suspeito chamou a intenção dos investigadores, relatou o delegado Roney Péricles, responsável pelo caso. O casal foi assassinado na madrugada de 23 de novembro, um sábado.
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No mesmo dia do crime, os investigadores conversaram com familiares, incluindo o filho que agora é suspeito e está preso.
"Chamou a atenção realmente que ele [filho], no primeiro momento, já comentou que teria conversado com a mãe na véspera. Voluntariamente, na verdade espontaneamente, ele pegou o celular e já abriu a conversação, fez questão de mostrar aos demais investigadores", contou o delegado.
"Isso chamou um pouco da atenção não naquele primeiro momento, mas quando eu comecei a conversar com os policiais militares e civis que atenderam no local", continuou.
Quando o delegado perguntou a outros policiais como havia sido a abordagem com os familiares das vítimas, todos relataram que o filho teve a mesma atitude com todos eles.
"Eles [policiais] mencionaram exatamente o mesmo modo de agir. Ele [filho] contou que tinha conversado [com a mãe], pegou o celular e demonstrou. Isso não é comum. Isso demonstrou para a gente que o comportamento foge um pouco".
"Você está consternado com uma perda de um ente que tem uma relação máxima que podemos compreender do ser humano, né? Mãe e filho. E você está preocupado com demonstrar sempre a conversação? Até porque a conversa não trazia nada de revelador que pudesse auxiliar, então isso chamou bastante atenção, essa manifestação dele com cada policial", completou.
Conforme a polícia, o filho cometeu o crime junto com um comparsa. As investigações continuam para identificar esse segundo executor e descobrir se há mais pessoas envolvidas.
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"As demais circunstâncias e a identificação dos demais envolvidos serão melhor esclarecidas com a análise dos aparelhos telefônicos apreendidos na referida ação", reforçou a Polícia Civil, em nota.
Cronologia do crime
O delegado detalhou a cronologia do duplo homicídio.
suspeito e comparsa chegam à casa das vítimas mais de duas horas antes de o casal voltar para a residência
eles chegaram ao local de bicicleta, mas um dos autores havia deixado uma moto estacionada a dois quilômetros da residência do casal
um dos homens estava de capacete e capa de chuva e o outro, de boné
eles entraram na casa usando um controle remoto para abrir um portão da residência
os dois ficaram dentro do imóvel esperando as vítimas
antes de voltar para o imóvel, o casal havia saído para jantar, ido a um karaokê e passado em uma lanchonete para comprar comida para ser consumida na residência
o casal chegou em uma caminhonete à 0h53 de sábado. A entrada das vítimas na casa foi registrada por uma câmera de segurança
após o casal entrar no imóvel, pouco tempo depois se ouviu um grito da mulher
suspeito e comparsa permaneceram por mais uma hora na casa e saíram pelo portão usando o controle remoto. Dentro dessa uma hora, cometeram o duplo homicídio
Um ponto que chamou a atenção dos policiais foi que o casal demorou cerca de 3 minutos e 30 segundos para entrar na casa, considerando o tempo de abrir o portão da garagem, estacionar a caminhonete e abrir a porta da residência. "Teria tempo para eles [criminosos] saírem da casa", disse o delegado.
Por enquanto, a polícia não tem informações detalhadas sobre como foi a dinâmica do crime dentro da residência. Os investigadores aguardam o laudo da Polícia Científica para terem com precisão a causa da morte.
"O laudo necroscópico ainda não foi encaminhado pela Polícia Científica. Os sinais aparentes de morte indicam asfixia. Contudo, quando o homicídio ocorre por asfixia, pode se dar de diversas maneiras", explicou o delegado.
O próprio suspeito foi quem acionou o Corpo de Bombeiros, dizendo ter encontrado o casal desacordado dentro de casa. A prisão aconteceu no domingo (1º) e a Delegacia de Homicídios fala em crime premeditado, ressaltando que o envolvido "iria se beneficiar do patrimônio do casal".
Durante uma coletiva de imprensa feita na segunda-feira (2), o delegado falou mais sobre a motivação. "Óbvio que não descartamos novos elementos para que possamos melhor esclarecer, mas, nesse primeiro momento, ficou bem evidente para a equipe porque se tratava realmente de um herdeiro direto do casal".
"Até aqui, a investigação demonstra que a motivação estaria diretamente relacionada aos bens do casal, sobretudo à questão da empresa, em relação à empresa que o casal tinha e que havia um interesse do investigado de administrar essa empresa", resumiu.
Além da prisão, agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em dois endereços ligados ao suspeito, com recolhimento de aparelhos telefônicos, computadores e vestimentas.
Câmeras de monitoramento
Câmeras de monitoramento ajudaram a investigação a concluir sobre o envolvimento do filho de Susimara como suspeito do crime. "Chegamos a analisar sobretudo a rotina do casal naquela noite, para verificar se alguém os estava seguindo", disse o delegado.
"Tinham saído para jantar. Tivemos imagens detalhadas do casal tanto do jantar, karaokê, lancheria para levar lanche para casa. Não havia ninguém perseguindo, nenhum tipo de situação de autoria mais casual", detalhou.
Dessa forma, a polícia começou a reunir elementos de que o crime não foi cometido por assaltantes que não conheciam o casal, mas, sim, que foi planejado.
As câmeras também ajudaram a desvendar a rota após o crime. "Passamos a buscar imagens para que fechasse o percurso, o trajeto que ele fez após a saída do local. Conseguimos fechar esse percurso justamente na casa em que residia o investigado".
O casal estava junto há 11 anos, segundo amigos. Os dois tinham uma loja de decoração na cidade e imóveis na região. O homem era natural de Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, e a mulher, de União da Vitória, no Paraná.
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