Vice-prefeito de Lages Jair Junior vira réu por violência doméstica contra ex-namorada, diz MPSC
16/04/2025
(Foto: Reprodução) Defesa diz que há controvérsias que serão contestadas junto ao Poder Judiciário. Preso em março, vice-prefeito foi solto após audiência de custódia e pagamento de fiança. MPSC denuncia vice-prefeito de Lages, SC
O vice-prefeito de Lages (SC), Jair Júnior (Podemos), virou réu em uma ação penal por violência doméstica contra a ex-namorada, informou o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) nesta quarta-feira (16). A denúncia, segundo o órgão, cita agressões, perseguições e cárcere privado (veja mais abaixo).
O político havia sido preso em flagrante em 22 de março, mas foi solto após audiência de custódia e pagamento de fiança. Um dia após ser detido, pediu afastamento do cargo para se dedicar à defesa no caso.
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Segundo o MPSC, Jair se tornou réu em uma ação penal pelos seguintes crimes:
duas lesões corporais;
cárcere privado;
perseguição;
invasão a dispositivo de informática.
A defesa de Jair Júnior, feita pelo advogado Francisco Ferreira, alegou que a denúncia oferecida pelo MP não poderia ter sido divulgada, uma vez que o processo corre em segredo de justiça, e que há controvérsias que serão contestadas junto ao Poder Judiciário.
Já o escritório Rossi e Ribeiro Advogados, que faz a defesa da vítima, disse que atua em cooperção com a Polícia Civil e o MP "buscando garantir que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos e que a justiça seja feita" (leia íntegras abaixo).
Jair Junior, advogado e vice-prefeito de Lages chegou a ser preso em flagrante por violência doméstica
Redes sociais/ Reprodução
Denúncia
O órgão informou que o agora réu havia agredido a mulher pelo menos uma vez, no dia 1º de janeiro, logo após tomar posse no cargo público. Os dois ainda namoravam na época e, segundo o MP, o político teria apertado os braços e o rosto da vítima por ela não querer publicar uma foto com ele nas redes sociais.
Ainda de acordo com o MP, a denúncia expõe que, na noite anterior à prisão, o réu teria convencido a ex-namorada a entrar no carro para tentar reatar o relacionamento. Ao perceber que não chegaria ao objetivo, deu partida no veículo e levou a vítima à força até sua casa, chaveado todas as portas e janelas para que ela não pudesse sair.
O homem também teria ligado o ar-condicionado para que possíveis pedidos de socorro não fossem ouvidos pelos vizinhos.
Depois disso, conforme o órgão, ele teria se trancado no banheiro e tentado acessar o celular da ex-namorada. Como não conseguiu, teria saído do cômodo e pedido a senha do aparelho. Como não foi atendido, segundo o MP, desferiu tapas no rosto da vítima e a sufocou com um travesseiro.
A moça só foi liberada do cárcere depois de dizer que amava o agressor e que não o denunciaria. Ela foi convencida pela irmã, mais tarde, a registrar um boletim de ocorrência na delegacia. Durante o deslocamento, ela teria sido seguida pelo político.
A prisão em flagrante foi feita na rua pela equipe de plantão. Depois, uma medida protetiva foi expedida.
A denúncia, segundo o órgão, cita outros episódios anteriores, como: perseguição, envio de mensagens ameaçadoras e ligações de números desconhecidos.
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Elaboração própria/g1
O que diz a defesa do réu
"Causa perplexidade à defesa o fato do Ministério Público, em site próprio da instituição, tenha divulgado fatos que constam da denúncia ofertada contra o investigado Jair Junior, o vice-prefeito de Lages, haja vista que o processo tramita desde o seu início em segredo de justiça, e não poderia então, em vista disso, o próprio MP, que é o guardião da lei, tê-la violado.
Por outro lado, a denúncia por si mesma acrescenta versão absolutamente unilateral por parte da vitima buscando, inclusive, através dessa divulgação danosa sob todos os aspectos, a condenação pública do investigado em flagrante prejuízo do principio constitucional da presunção de inocência".
O que diz a defesa da vítima
O escritório Rossi e Ribeiro Advogados informa que, desde o primeiro momento, tem atuado lado a lado com a vítima e em cooperação com a Delegacia de Polícia e o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), buscando garantir que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos e que a justiça seja feita.
Na qualidade de assistente de acusação, foi elaborado um relatório minucioso, com mais de 40 páginas, reunindo provas consistentes: mensagens, áudios, vídeos e gravações que apontam para a prática de pelo menos cinco crimes, todos reconhecidos e incluídos na denúncia oferecida pelo MPSC.
A investigação revelou, além dos atos de violência doméstica, o modo como eles foram praticados e indícios de que instrumentos da administração pública possam ter sido usados de forma indevida para o cometimento de pelos menos um dos delitos denunciados. Esses elementos, graves e preocupantes, foram devidamente incluídos nos relatórios e na denúncia, destacando a seriedade dos fatos.
Agora, com o recebimento da denúncia, o processo seguirá seu curso. Nas próximas etapas, haverá a audiência de instrução e julgamento, quando as testemunhas serão ouvidas, e ao final, caberá à juíza responsável decidir sobre a responsabilidade penal do réu.
A vítima segue firme, confiando na justiça e na atuação responsável das instituições. Nosso compromisso é com a verdade, a dignidade e a proteção dos direitos.
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